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sábado, 20 de março de 2010

Cidades brasileiras integram lista das mais desiguais

Cinco cidades brasileiras estão entre as 20 mais desiguais do mundo. Relatório apresentado hoje, na abertura do 5º Forum Urbano Mundial da Organização das Nações Unidas (ONU), no Rio, revela que Goiânia (10ª), Belo Horizonte (13ª), Fortaleza (13ª), Brasília (16ª) e Curitiba (17ª) são as que apresentam as maiores diferenças de renda entre ricos e pobres no País. O documento "O Estado das Cidades do Mundo 2010/2011: Unindo o Urbano Dividido" também informa que o Brasil é o país com a maior distância social na América Latina

O Rio de Janeiro, na 28ª posição, e São Paulo, na 39ª, também são cidades consideradas com alto índice de desigualdade, de acordo com o relatório da ONU. Nove municípios na África do Sul lideram o ranking. As capitais da Nigéria, Etiópia, Colômbia, Quênia e Lesoto também estão entre as mais desiguais. No total, 138 cidades de 63 países em desenvolvimento foram analisadas. O relatório baseia suas conclusões no coeficiente Gini - cujos indicadores medem a concentração de renda de um país.


Na avaliação do coordenador do relatório e diretor do Centro de Estudos e Monitoramentos das Cidades do Programa da ONU para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), o mexicano Eduardo Lopez Moreno, existe vínculo direto entre desigualdade e criminalidade. Mais do que custos sociais, o abismo entre ricos e pobres também provoca prejuízos econômicos.


"Estatisticamente falando, existe sim um vínculo. É muito possível que a cidade mais desigual vai gerar muito mais fácil distúrbios e problemas sociais. As autoridades desses países vão deslocar recursos que deveriam ir para investimentos para conter esses movimentos sociais. O custo social acaba se traduzindo em custo econômico", afirmou Moreno.


Favelas


Em termos de favelização, o estudo da ONU apresenta resultados paradoxais para o Brasil. Apesar de ter sido o país que apresentou o maior número absoluto de pessoas que deixaram de viver em condições de favelização na América Latina - 10,4 milhões -, a pesquisa mostrou que o desempenho relativo ficou abaixo dos vizinhos. Enquanto as condições de moradia melhoraram para 16% da população brasileira, este índice ficou em 40,7% na Argentina, 39,7% na Colômbia, 27,6% no México e 21,9% no Peru.


As estimativas apresentadas na pesquisa são de que mais de 227 milhões de pessoas no mundo todo deixaram de viver em regiões faveladas desde o ano 2000. Isso representa uma evolução 2,2 vezes maior do que o estimado nas Metas de Desenvolvimento do Milênio, que haviam estabelecido objetivo de melhorar as condições de habitação de 100 milhões de pessoas até 2020.


"A situação melhorou em dez anos, mas infelizmente no mesmo período o aumento líquido dos pobres urbanos é de 55 milhões", disse Anna Tibaijuka, diretora-executiva do ONU-Habitat.


De acordo com a metodologia da pesquisa, deixar de viver em condição de favelização não significa necessariamente mudança de residência ou remoção de comunidade. Acesso a saneamento básico e água potável, o material utilizado nas moradias e a densidade das residências são os fatores para avaliar se uma região é ou não favelada.

quarta-feira, 10 de março de 2010

O país que mudou de lugar



Terremoto redesenha mapa do Chile e desloca cidades até 4 metros

SANTIAGO (Reuters) - O terremoto que sacudiu o Chile em fevereiro redesenhou os mapas da região, causando um deslocamento de até 4 metros nas zonas próximas ao epicentro, disseram cientistas chilenos nesta terça-feira.

O diretor científico do Serviço Sismológico da Universidade do Chile, Sergio Barrientos, disse à Reuters que a correção do movimento causado pela superposição das placas tectônicas pode levar mais de um século.

"Este foi um grande terremoto, que tem muito deslocamento e envolve muita extensão. Há deslocamentos de até 4 metros perto de Constitución", acrescentou ele, referindo-se à cidade que fica 360 quilômetros ao sul de Santiago e foi uma das mais devastadas pelo terremoto e pelos tsunamis subsequentes.

O tremor de magnitude 8,8 na madrugada de 27 de fevereiro foi o quinto mais violento da história moderna, deixando pelo menos 497 mortos e um rastro de destruição ainda não avaliado por completo.

Os resultados dos estudos com base em medições de GPS feitas em conjunto com especialistas da Universidade Estadual de Ohio (EUA) estarão prontos dentro de um mês. Mas dados preliminares indicam que a cidade de Concepción, segunda maior do país, e também bastante afetada, se deslocou três metros para sudeste. Santiago, a capital, "andou" meio metro.

"Deslocamentos significativos são evidentes em lugares tão a leste como Buenos Aires (de 2 a 4 centímetros) e tão ao norte como a fronteira (do Chile) com o Peru", disse nota da Universidade Estadual de Ohio.

Buenos Aires fica mais de 1.100 quilômetros a leste de Santiago, do outro lado da cordilheira dos Andes.

A energia liberada pelo sismo foi tão grande que, segundo a Nasa, deslocou em cerca de 7,6 centímetros o eixo de rotação da Terra.

O Chile, um dos países mais sísmicos do mundo, está situado diante da linha de contato entre as placas tectônicas de Nazca, no Pacífico, e da América do Sul.

Quando ocorre um terremoto como o de fevereiro, a placa de Nazca escorrega para debaixo da placa continental. Esse fenômeno, que os cientistas chamam de "subducção", provoca o deslocamento para o leste. "O processo inverso demoraria cem anos ou até mais", disse o sismólogo Barrientos.