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quinta-feira, 27 de maio de 2010

EUA abandonam 'Guerra ao Terror' em nova estratégia de segurança

EUA abandonam unilateralismo de Bush e adotam nova estratégia de

EFE

EUA abandonam unilateralismo de Bush e adotam nova estratégia de segurança
Washington, 27 mai (EFE)- A Casa Branca apresentou nesta quinta-feira sua nova Estratégia de Segurança Nacional, que coloca o conflito armado como último recurso e se distancia assim da doutrina da guerra preventiva e do unilateralismo estabelecido por George W. Bush.

Em seu lugar, a nova estratégia, de 52 páginas, enfatiza a colaboração com os países aliados e o fortalecimento das instituições internacionais como ferramentas para resolver os conflitos.

"Nosso foco é uma estratégia que amplie nossas fontes de influência no mundo e nos permita usá-las para fazer frente aos desafios do século XXI", afirmou o vice-conselheiro nacional de segurança do presidente Barack Obama, Ben Rhodes.



A Estratégia de Segurança Nacional, a primeira do presidente Obama, é um documento que o Governo americano emite no começo de cada mandato, por exigência do Congresso, e fixa as prioridades diplomáticas e defensivas do país.


A nova estratégia põe ênfase na cooperação internacional e no desenvolvimento de alianças e abandona assim o unilateralismo declarado pelo presidente anterior, George W. Bush, em sua doutrina da guerra preventiva exposta em 2002.

Segundo Rhodes, esta mudança representa "um giro de 180 graus" para fazer frente a desafios como o terrorismo internacional e o doméstico, assim como a mudança climática e a proliferação nuclear.

"Vamos alimentar a cooperação para resolver os problemas globais com o apoio de nossos aliados", indicou Rhodes, que acrescentou que também se dará a prioridade ao aprofundamento das relações com potências emergentes como China, Índia, Rússia, Brasil e África do Sul.

O documento também coloca ênfase na luta contra o terrorismo, especialmente contra os radicais enraizados nos Estados Unidos, depois que o Governo detectou uma série de incidentes protagonizados por extremistas nascidos ou residentes no país.

Segundo a Casa Branca, trata-se da primeira estratégia de segurança nacional que integra a segurança interna dentro de sua estratégia global.

O documento menciona especificamente à rede terrorista Al Qaeda como o grande inimigo dos EUA e assinala também os programas nucleares da Coreia do Norte e do Irã.

A Administração "levará o combate" contra os extremistas "ali onde eles tramam seus planos e treinam, no Afeganistão, Paquistão, Iêmen, Somália e além", indicou na quarta-feira o assessor na luta contra o terrorismo da Casa Branca, John Brennan.

Apesar de tudo, os EUA não renunciam sua supremacia militar, considerada uma das bases de sua estratégia e imprescindível como fator de influência no exterior.

A nova tática considera também o bem-estar econômico como um dos pilares para garantir a segurança do país e advoga por uma "nova base" mediante o aumento do uso de energias limpas e a redução do déficit fiscal.

Mas também quer promover o bem-estar econômico fora do país, já que é certo que "golpes à economia global podem precipitar o desastre", assinala o documento.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Oceanos 'recriados' em laboratório

Um professor de oceaonografia da Universidade de Newfoundland, no Canadá, conseguiu recriar a dinâmica dos oceanos em laboratório, com um experimento usando uma plataforma rotatória de fluidos.

A forma e a rotação da Terra são cruciais na dinâmica dos oceanos, e a plataforma montada pelo professor Iakov Afanassiev tenta reproduzir ambas.

Um filtro colorido acima da plataforma permite aos pesquisadores "codificar" a topografia da superfície líquida - os movimentos, mesmo muito pequenos, aparecem em diferentes cores.

O professor de oceaonografia Iakov Afanassiev, da Universidade de Newfoundland, no Canadá, conseguiu recriar a dinâmica dos oceanos em laboratório, usando uma plataforma rotatória de fluidos.



A forma e a rotação da Terra são cruciais na dinâmica dos oceanos, e a plataforma de Afanassiev reproduz ambas. O centro seria o Polo Norte. Uma câmera registra esse "oceano" fluorescente de fluidos.




Um filtro colorido acima da plataforma permite aos pesquisadores "codificar" a topografia da superfície líquida - os movimentos aparecem em diferentes cores. Aqui, uma onda ocorre abaixo da superfície em uma montanha submersa no fundo do tanque.
Os pesquisadores recriaram uma onda de escala planetária conhecida como onda Rossby, que viaja do lado leste para o oeste do oceano. Aqui a onda, azul e verde, é vista a oeste da montanha-modelo.




"Vórtices (movimentos espirais do líquido) são abundantes no oceano e comumente observados em imagens de satélite", explica Afanassiev. Com seu experimento, esses movimentos podem ser reproduzidos e estudados em detalhes.



O oceano tem um papel importante sobre o clima. Este experimento permite aos cientistas observar suas dinâmicas e medir com detalhes sua velocidade e direção. Os resultados podem ser usados para melhorar os modelos matemáticos de processos climáticos.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Perda de biodiversidade já ameaça economia, diz ONU

Por BBC, BBC Brasil, Última atualização: 10/5/2010 10:25
Perda de biodiversidade já ameaça economia, diz ONU



"Corais"










A destruição de ecossistemas da Terra deve começar a afetar economias de vários países nos próximos anos, de acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado nesta segunda-feira.

O Terceiro Panorama Global de Biodiversidade (Global Biodiversity Outlook ou GBO-3, na sigla em inglês) afirma que vários ecossistemas podem estar próximos de sofrer mudanças irreversíveis, tornando-se cada vez menos úteis à humanidade.

Entre estas mudanças, segundo o relatório da ONU estariam o desaparecimento rápido de florestas, a proliferação de algas em rios e a morte generalizada de corais.

Até o momento, a ONU calculou que a perda anual de florestas custa entre US$ 2 trilhões e US$ 5 trilhões, um número muito maior que os prejuízos causados pela recente crise econômica mundial.

O cálculo foi feito com base nos valores estipulados em um projeto chamado Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade (EEB) para serviços prestados pela natureza, como a purificação da água e do ar, a proteção de regiões litorâneas de tempestades e a manutenção da natureza para o ecoturismo.

"Muitas economias continuam cegas ao enorme valor da diversidade de animais, plantas e outras formas de vida e ao seu papel no funcionamento de ecossistemas saudáveis", disse o diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner.

"A humanidade criou a ilusão de que, de alguma forma, é possível se virar sem biodiversidade, ou de que isso é periférico no mundo contemporâneo", disse ele.

"Na verdade, precisamos dela mais do que nunca em um planeta com seis bilhões de pessoas indo a nove bilhões em 2050."

Segundo a ONU, quanto maior for a degradação dos ecossistemas, maior será o risco de que elas percam grande parte de sua utilidade prática para o homem.

Exemplo brasileiro

A Amazônia é citada como um dos ecossistemas ameaçados de atingir o chamado "ponto sem volta", mesmo com a recente diminuição nas taxas de desmatamento e com o plano de redução do desmatamento, que prevê a redução de 80% até 2020 em relação à média registrada entre 96 e 2005.

O relatório da ONU cita um estudo coordenado pelo Banco Mundial que afirma que se a Amazônia perder 20% de sua cobertura original, em 2025, certas partes da floresta entrariam em um ciclo de desaparecimento agravado por problemas como mudanças climáticas, queimadas e incêndios.

O relatório ressalta que o plano brasileiro deixaria o desmatamento acumulado muito próximo de 20% da cobertura original.

No entanto, o Brasil também é citado como exemplo no que diz respeito à criação de áreas de proteção ambiental.

"Alguns poucos países tiveram uma contribuição desproporcional para a expansão da rede global de áreas protegidas (que, segundo o relatório cresceu 57%): dos 700 mil quilômetros quadrados transformados em áreas de proteção desde 2003, quase três quartos ficam no Brasil, em grande parte, resultado do Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa)."

Na Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD, na sigla em inglês), no mês passado, cientistas afirmaram que os governos nacionais não conseguiriam respeitar as suas metas de redução da perda de biodiversidade até 2010.

"Não são boas notícias", disse o secretário-executivo da CBD, Ahmed Djoglaf.

"Continuamos a perder biodiversidade em um ritmo nunca visto antes na História. As taxas de extinção podem estar até mil vezes acima da taxa histórica."

Metas fracassadas

A ONU diz ainda que a variedade de vertebrados no planeta - uma categoria que abrange mamíferos, répteis, pássaros, anfíbios e peixes - caiu cerca de um terço entre 1970 e 2006.

A meta de redução de perda de biodiversidade foi acertada durante uma reunião em Johanesburgo, na África do Sul, em 2002. No entanto, já se sabia que seria difícil mantê-la.

A surpresa do relatório GBO-3 é que outras 21 metas subsidiárias tampouco serão cumpridas globalmente.

Entre elas, estão a redução da perda e degradação de habitats, a proteção de pelo menos 10% das regiões ecológicas do planeta, controle da disseminação de espécies invasivas e a prevenção de extinção de espécies devido ao comércio internacional.

Uma sinal claro do fracasso registrado no relatório é que nenhum dos países envolvidos conseguirá atingir todas as metas até o fim do ano.

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domingo, 2 de maio de 2010

A nova classe média do Brasil

Como vivem esses 100 milhões de brasileiros e o que eles representam para o futuro do país
David Friedlander, Ivan Martins e Peter Moon, com Martha Mendonça e Ricardo Mendonça

PODER DE CONSUMO

A manicure Josineide mora na Rocinha, compra roupas da moda, tem dois celulares e quer mais um


“Classe média, eu?” A idéia surpreende Josineide Mendes Tavares, uma manicure de 34 anos, moradora da Rocinha, a favela mais conhecida do Rio de Janeiro. Sua freguesia, formada por mulheres da zona sul, que Josineide atende em domicílio, proporciona uma renda de R$ 1.500 a R$ 2 mil por mês. Ela e os dois filhos pequenos vivem numa casinha de 35 metros quadrados. Lá dentro, ela tem uma televisão de tela plana de 29 polegadas, nova, equipada com serviço de TV por assinatura e DVD. Fãs de Cartoon Network e Discovery Kids, as crianças assistem à televisão sentados nas cadeiras de uma pequena mesa de jantar, porque na sala apertada não cabe um sofá. O fogão de quatro bocas é antigo, mas o freezer e a geladeira Josineide acaba de comprar. Na laje, um extenso varal com roupas da moda e uma lavadora de última geração. “Compro tudo em parcelas a perder de vista”, diz ela. Ainda faltam um computador e um videogame. Ah!, sim. Josineide quer mais um celular. Ela já tem dois, mas diz precisar do terceiro para estar sempre à disposição da clientela.

Josineide e os filhos formam uma família típica da nova classe média brasileira, segundo uma pesquisa divulgada na semana passada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), do Rio. De acordo com esse estudo, nos últimos seis anos cerca de 20 milhões de brasileiros deslocaram-se da base para o miolo da pirâmide social. Até há pouco tempo classificados como pobres ou muito pobres, eles melhoraram de vida e, como Josineide, começam a usufruir vários confortos típicos de classe média. Sua ascensão social revela uma excelente novidade: pela primeira vez na História, a classe média passa a ser maioria no Brasil. São hoje 52% da população (eram 44% em 2002) – ou 100 milhões de brasileiros, segundo a FGV.

Essa população emergente, com seu desejo de continuar a consumir e seu foco no progresso pessoal, é um sintoma de que o Brasil está melhorando. Em todos os países que alcançaram um alto grau de desenvolvimento econômico e social, a maioria dos habitantes pertence à classe média. Conhecer a nova classe média brasileira é, portanto, fundamental para entender o futuro do Brasil. Quem são essas pessoas? Como melhoraram de vida? Que impacto podem provocar? Quais desafios trazem para o país?

O economista Antônio Delfim Netto, ex-ministro nos governos militares, diz que a ascensão social em curso é do “mesmo gênero” que a ocorrida nos anos 60 e 70. “Criaram-se empregos industriais com bons salários, que permitiram à população comprar bens a que antes ela não tinha acesso”, diz Delfim. A diferença é a ordem de grandeza. A população brasileira aumentou, mudou do ponto de vista educacional e atravessou uma revolução demográfica que reduziu o tamanho da família. “Menos importante que o tamanho da renda é o povo sentir que progrediu”, afirma Delfim. “A soma de salário e crédito abundante permite que elas comprem bens de classe média.” Essa dinâmica, diz ele, cria a possibilidade de expansão ainda maior da economia, movimenta o mercado e põe mais gente no elevador social.

Para decifrar essa nova realidade, é preciso entender que a classe média desenhada pelas novas estatísticas é bem diferente da imagem consolidada pelo senso comum. Por isso, Josineide, a manicure da Rocinha, não se sente parte do novo estrato social. O que significa, para ela, pertencer à classe média? “É ter filhos estudando em boas escolas particulares, um carro e dinheiro para uma pequena viagem de fim de semana uma vez por mês”, afirma. Enquadrar as pessoas em determinada classe social é sempre um processo arbitrário, no Brasil e em qualquer país. Alguns pesquisadores usam como critério apenas a renda. Outros levam em conta fatores como patrimônio, ocupação ou nível de escolaridade. Em sua pesquisa, a FGV definiu como classe média as famílias com renda mensal entre R$ 1.065 e R$ 4.591.

Esse universo de 100 milhões de brasileiros é formado sobretudo pelos ex-pobres que acabam de pôr o pé na classe média. Alguns estudiosos chamam esse segmento de classe média baixa, outros falam em classe C. Para muitos, é difícil classificá-los. O certo é que melhoraram de vida. Anos atrás, não tinham conta em banco, consumiam apenas o essencial e seu principal objetivo na vida era chegar ao fim do mês com as contas pagas. Hoje, estão comprando o primeiro carro zero, construindo um cômodo a mais na casa, se vestem melhor. “Nossa maneira de olhar a classe média é meio americana”, diz o economista Marcelo Neri, coordenador da pesquisa e diretor do Centro de Políticas Sociais da FGV. “A classe média tradicional brasileira sempre comparou seu poder aquisitivo ao dos países desenvolvidos.”

A expansão da classe média e a redução da desigualdade de renda não são um fenômeno brasileiro apenas. Ele vem ocorrendo simultaneamente – e de forma acelerada – em todas as economias emergentes, sobretudo na China e na Índia. A explosão da classe média teve início há cerca de dez anos, ainda não atingiu seu pico e, segundo se prevê, deve durar pelo menos mais dez anos. Um estudo recente do banco de investimento Goldman Sachs – intitulado O Meio que Cresce – estima que, até 2030, 2 bilhões de pessoas terão se juntado à “classe média mundial”, conceito que, para o Goldman Sachs, inclui pessoas (e não famílias) com rendimento mensal entre US$ 500 e US$ 2.500. Os analistas Dominic Wilson e Raluca Dragusanu, que assinam o relatório, estimam que, em 20 anos, essa classe média, mais restrita que a descrita pela FGV, será 30% da população mundial.

Aquífero Alter do Chão é o maior reservatório de água do planeta

Pesquisadores do Pará e do Ceará descobriram que a Amazônia tem o maior reservatório subterrâneo de água do planeta.
Daniela Assayag
Manaus

O aquífero Alter do Chão já era conhecido dos cientistas. Eles só não sabiam que era tão grande.

Em nenhum outro lugar ela é tão farta. Tirando as geleiras, um quinto da água doce existente no mundo está na Amazônia. Parece muito, mas os rios e lagos do lugar concentram só a parte visível desse tesouro.

Debaixo da terra existem lagos gigantes, de água potável, chamados aquíferos.
Até agora, o maior do planeta era o Guarani, que se espalha pelo Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. Mas, um grupo de pesquisadores acaba de revelar que o aquífero Alter do Chão, que se estende pelo Amazonas, Pará e Amapá, é quase duas vezes maior.

"Isso representa um volume de água de 86 mil quilômetros cúbicos. Se comparado com o Guarani, por exemplo, ele tem em torno de 45 mil quilômetros cúbicos”, explicou Milton Mata, geólogo da UFPA

A maior parte do aquífero Guarani, no sul do Brasil, está debaixo de rocha. Já no aquífero na Amazônia tem terreno arenoso. Quando a chuva cai, penetra com facilidade no solo. A areia faz uma espécie de filtro natural. A água do reservatório subterrâneo chega limpa, boa para beber.


Perfurar o chão de areia é fácil e barato. O poço nem precisa de estação de tratamento químico. Na casa de Márcia a água sai direto para torneira. “Pode beber. É bem limpinha”, contou.

Dez mil poços particulares e 130 da rede pública já usam o aquífero para abastecer 40% da população de Manaus. Mas a maior parte da cidade ainda depende da água dos rios.

“Você pode abastecer todas as cidades da Amazônia com Alter do Chão sem problema e deixar de usar águas superficiais que estão todas contaminadas”, falou o geólogo.

Agora, os pesquisadores querem ajuda da Agência Nacional de Águas e do Banco Mundial para concluir o estudo. Num planeta ameaçado pelo aquecimento, o aquifero Alter do Chão é uma reserva estratégica.